"...Igualdade?..."

Os olhos casatanhos percorriam com visível asco o corpo trêmul, capturavam os detalhes mais horríveis com total indiferença. A pele aderia aos ossos como se não ouvesse carne ou gordura enntre eles, o tórax nu sacudia-seem soluços desesperados, o corpo pequeno encolhia-se como se buscasse proteção, conforto, carinho, atenção. Parou nu sinal, o homem forte desferiu contra o corpo magro outro golpe, que o fez encolher-se ainda mais, molhando com lágrimas as calças imundas. Indiferente, o outro garoto continuou a observar o pobre, agora se fixando nas costeletas maculadas.Não esboçava um gesto, uma palavra em defesa do outro. Defesa? Cidadania?

-Está vendo? Se fizesse o serviço direito, não estaria apanhando! - o homem gritava. Liberdade?

O garoto bem vestido permaneceu dentro do veículo, sem desviar por um segundo os olhos da cena. O pai abriu a porta, perguntando o que ele queria do supermercado e o enchendo de mimos e aparicos. Igualdade?

E no final, o corpo escanifrado jogado no chão, jogado ao chão como lixo, um lixo que as pessoas olhavam, ora com pena, oracom nojo. "Oh, pobrezinho!", "Oh, coitado!que será que aconteceu?". E então voltavam a andar, ignorando os acontecimentos. Fraernidade? Justiça? Auxílio?

Tiago Sandroni Porrino - 14 anos - Cotia (SP)

Seriam as pessoas o que elas dizem ser, seria a sociedade o que ela se coloca ser? O que fazemos nesse mundo, será que tem espaço para todos? São perguntas literalmente retóricas, e talvez, nunca conseguiremos respondê-las!

Desvendar atitudes faz partes dos mistérios "racionais" do homem, somos que tipos de seres?